segunda-feira, 10 de abril de 2023

HEMATOMAS EMOCIONAIS

   Quando colidimos alguma parte do corpo com certa força e velocidade contra uma estrutura com rigidez relativa causamos hematomas corporais. Ficamos com um roxo que vai variar de tamanho e duração conforme o impacto causado. 

   As vezes também causamos hematomas emocionais. Ainda que não consigamos vê-los, os sentimos com a mesma realidade. As fases também podem ser as mesmas: roxo escuro e intenso muito dolorido, que passará para um roxo mais suave e menos dolorido que depois passará para um "amarelado" menos dolorido ainda, para finalmente passar a marca e a sensibilidade da região atingida. A sugestão dos "hematomas emocionais" segue o mesmo princípio dos hematomas físicos com a diferença de ser praticamente impossível fazer hematomas com áreas e tamanhos bem definidos. Eles seguirão os mesmos estágios de suavização de marca e dor e também serão recuperados mais rápidos em fases onde nos encontrarmos mais saudáveis e equilibrados ou demorarão mais. 

   Se os hematomas emocionais, assim como os físicos, forem causados por "acidentes", precisaremos escolher ser ainda mais saudáveis no período de recuperação para conseguirmos, de alguma forma, influenciar no tempo de recuperação. Uma diferença fundamental entre os hematomas físicos e os emocionais é que no segundo, são as nossas expectativas que determinam a intensidade da mancha. 

ELEFANTES NA CASA



   Há quem diga que ansiedade é o excesso de futuro e depressão o excesso de passado. Além desses exemplos, são inúmeros os exemplos na literatura retratando a amargura dos idosos. Mas para evitar excessos de exemplos literários ou mitológicos, fiquemos com os devaneios desse alguém qualquer aqui. Parece ser mais comum encontrarmos crianças e adolescentes com o "riso frouxo" como dizem no popular. E tão comum quando, os que ironizam que basta começar a pagar o próprios boletos para, pouco a pouco, ver a vida perdendo a graça e risos mais espaçados. Pode ser que o pagamento de contas seja um dos motivos da redução das gargalhadas, mas talvez também seja uma lista pequena de memórias mais desafiadoras e por isso o riso ainda escape fácil.


   O viver nos gera experiências e, consequentemente memórias. Algumas boas e outras não tão boas. Curiosamente as melhores memórias costumam ocupar menos espaço em nossas emoções do que as não tão boas. O impacto de uma desilusão pode comprometer relacionamentos futuros ao menor sinal de semelhança. Bastará qualquer aparente convergência de algum quadro da memória de desilusão, e pronto! Levantaremos nossos escudos para evitar qualquer impacto parecido. O nosso juízo de valor também poderá colocar um filtro sobre a moral do outro ainda que não tenhamos nenhuma história parecida. É bastante raro alguém procurar um parceiro como máximo de experiências íntimas para ser o seu parceiro como critério primordial. E não raro, quando o histórico existe, tornar-se um "elefante na sala" deste relacionamento.

   Parece ser cada vez mas normal as pessoas declararem querer experiências múltiplas e variadas. Mas será mesmo? Devaneio sobre por observar que curiosamente, também parece cada vez mais frequente pessoas declararem desafios em acreditar nas pessoas. Será que conseguimos conviver com múltiplos elefantes? Qual será o tamanho dos elefantes que conseguimos desviar em nossas casas? Quantos poderiam ocupar cada "sala"?

segunda-feira, 29 de março de 2021

O Homem de Atenção

01- O Homem de Atenção quando comete um erro, diz: "Equivoquei-me", e aprende a lição; 

O homem comum quando comete um erro, diz: "Não foi por minha culpa", e responsabiliza os outros por ele.

02- O Homem de Atenção sabe que o infortúnio é o melhor dos mestres;

O homem comum sente-se vítima diante dele.

03- O Homem de Atenção sabe que tudo o que lhe sucede é resultado de acontecimentos acidentais ou de seu modo de agir;

O homem comum crê na má sorte ou que "espíritos" estão contra ele.

04- O Homem de Atenção quanto mais trabalha, mais arranja tempo para cuidar de si
mesmo; 

O homem comum está sempre muito ocupado e não tem tempo nem para os seus.

05- O Homem de Atenção enfrenta, um a um, todos os desafios;

O homem comum contorna-os, não se atrevendo, nem mesmo, a tentar enfrentá-los.

06- O Homem de Atenção dá a sua palavra e cumpre o que prometeu;

O homem comum faz promessas, não tenta cumpri-las, procurando apenas justificar-se.

07- O Homem de Atenção diz: "Sou bom, mas vou tentar ser ainda melhor";

O homem comum diz: "Não sou tão mau quanto os outros".

08- O Homem de Atenção escuta, compreende e responde;

O homem comum não espera a sua vez para falar.

09- O Homem de Atenção respeita os que sabem mais e tenta aprender com eles;

O homem comum resiste a aprender com quem sabe, fixando-se apenas em seus defeitos.

10- O Homem de Atenção sente-se também responsável pelo que há além de seu trabalho;

O homem comum diz: "Faço o meu trabalho e isso basta".

11- O Homem de Atenção está sempre procurando uma forma melhor de fazer o que tem que ser feito;

O homem comum diz: "Este é o modo como sempre faço, e não há outro".

12- O Homem de Atenção é parte da "solução";

O homem comum é parte do "problema".

Adaptado por Lauro de A. S. Raful  recebido de Edgard David

Se

 

Se és capaz de manter a tua calma quando        
Todo o mundo em redor já perdeu e te culpa;        
De crer em ti quando estão todos duvidando        
E para esses, no entanto, achas uma desculpa;

Se és capaz de esperar sem te desesperares,       
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,       
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares;       
E não parecer bom demais, nem pretensioso;        

Se és capaz de pensar - sem que a isto só te atires,       
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;       
Se encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires       
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;        

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas       
Em armadilhas as verdades que disseste,       
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,       
E refazê-las com o bem pouco que te reste;        

Se és capaz de arriscar numa única parada       
Tudo que ganhaste em toda a tua vida,       
E perder, e ao perder, sem nunca dizer nada,       
Resignado, tornar ao ponto de partida;       

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,       
E dar seja o que for que neles ainda existe,       
E a persistir assim quando exausto, contudo       
Resta a vontade em ti que te ordena: Persiste!

Se és capaz de entre a plebe não te corromperes,
E entre reis não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade;

E se és capaz de dar segundo por segundo,
Ao minuto fatal, todo teu valor e brilho,
Tua é Terra com tudo que existe no mundo,
E - o que ainda é muito mais -  És um Homem, meu filho !

Rudyard Kipling - Tradução: Guilherme de Almeida



quinta-feira, 2 de abril de 2015

FELIZES PARA SEMPRE NA TERRA DO NUNCA



   Embora tenhamos sido apresentados ao conceito ilusório de "felizes para sempre" ainda bem pequenos, na maioria das vezes por nossos pais ou avós, não demora muito nem demanda tanta consciência até percebermos que a felicidade é episódica e que precisa ser assim. Se a felicidade fosse constante não precisaríamos buscá-la. Estaria tão abundante que talvez nem a perceberíamos.

   É exatamente pela falta que queremos tanto. Buscamos aquilo que nos falta. Tão paradoxal quanto querer ser "felizes para sempre" é a busca da perfeição. O amor perfeito, o parceiro perfeito, o dia perfeito, o lugar perfeito, etc.. Parece mesmo que gostamos de nos iludir e criar cenários improváveis ou impossíveis. O amor perfeito seria alguém que provavelmente perderia a graça em alguns dias. Um parceiro que fizesse todas as suas vontades e acatasse a todas as suas sugestões não acrescentaria nenhum sabor novo em sua vida, tampouco te desafiaria a ver uma mesma coisa sob outro ponto de vista. É comum idealizar alguém que perceba seus feitos independentemente do tamanho, que esteja disponível, que tenha tempo para seus imprevistos, que seja paciente com seus erros, que não ligue para os seus esquecimentos e que perdoe as suas falhas. Se existisse este alguém tão perfeito que perdoasse todas as suas falhas não seria um tanto quanto dissonante? Na prática não seria o imperfeito quem compreenderia que todos somos passíveis de falhar e quem mais estaria disposto a perdoar? Se passarmos a nossa "auto-ilusão" para os lugares, bastaria expulsar o Capitão Gancho para tornar a " terra do nunca" o melhor lugar para ser crianças e viver descomprometidos com tantas regras e afazeres. Nos eximiríamos das tantas responsabilidades da vida adulta e compromissos que passam a preencher nossas agendas e, sequer precisaríamos ter agenda ou comprimissos. Teríamos dias perfeitos com céu azul e poucas ou nenhuma nuvem, com temperatura que permitiria usar qualquer roupa e só ventos brandos. O vento um tanto mais forte, a garoa, os mosquitos ou formigas são sempre intrusos no ideal do dia ou lugar perfeito.

   "Se envelhecer é obrigatório e amadurecer é opcional" precisamos optar em manter os nossos ideais e "auto-ilusões" ou encarar a realidade com cores menos vibrantes além das formigas e mosquitos insistentes, com chuva e ventos que vão nos fazer preferir ficar em casa e cancelar o picnic. Na "terra do sempre", sempre haverá uma maquiagem a ser removida e revelar as imperfeições da pele, uma unha a ser desencravada no médico ou podólogo, um mosquito a ser expulso do ambiente, uma comida que ficou um pouco mais salgada entre tantas variações que só a vida real é capaz de nos impor e nos lembrar que é exatamente por isso que nos desenvolvemos e expandimos nossas capacidades e percepções. Na terra do sempre, nem sempre somos felizes e muito menos felizes para sempre.

quinta-feira, 19 de março de 2015

FILME ALÉM DA CAPA E DA SINOPSE

   Ainda que tenha sido indicado por um amigo ou amiga, veremos a capa do filme e leremos interessados a sinopse do filme. Talvez nos interessaremos assistir o trailer.

   O desenrolar do filme inevitavelmente terá períodos de tédio e aparente enrolarão onde as cenas parecerão ter perdido o sentido e embaralhada

Assim também é a vida. E vale pensar que só filme foi planejado antes de ser produzido. Precisaremos lembrar que a vida seguirá sem roteiro e com uma estrutura de acompanhar infinitamente menor que um filme.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

EMBABACADOS


   Todo ser humano precisa cultivar certa dose de auto confiança. A ausência de uma quantidade mínima pode, em situacao extrema, acometer de síndrome do pânico onde a pessoa chega a ter medo de sair da pseudo fortaleza de sua casa.
   A sociedade moderna criou a adolescência,  uma espécie de limbo entre a infância e a idade adulta e curiosamente neste período entre os 11 ou 13 anos até os 18 ou 21 todo ser humano socializado passará por seu período de maior auto afirmação e auto confiança. Parte desta sensação provocada por níveis hormonais só experimentados neste período de amadurecimento das glândulas sexuais e parte por experimentar mais autonomia, principalmente por amadurecimento social. Lamentavelmente alguns pais parecem querer alimentar esta sensação equivocada de  auto suficiência "embabacando*" seus filhos.
   Sorte desses adolescentes iludidos por quem deveria lhes mostrar a realidade que, apesar da equivocada proteção dos pais, chegará o dia de encarar os chefes e a distância entre as suas referências e a realidade começarão a se aproximar.
Embabacando - derivado de "babaca". Expressão utilizada socialmente como bobo, chato que segundo dicionário da língua portuguesa é sinônimo de vagina.