Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo em redor já perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando
E para esses, no entanto, achas uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares;
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar - sem que a isto só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores;
Se encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas por que deste a vida estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo que ganhaste em toda a tua vida,
E perder, e ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
E dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando exausto, contudo
Resta a vontade em ti que te ordena: Persiste!
Se és capaz de entre a plebe não te corromperes,
E entre reis não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade;
E se és capaz de dar segundo por segundo,
Ao minuto fatal, todo teu valor e brilho,
Tua é Terra com tudo que existe no mundo,
E - o que ainda é muito mais - És um Homem, meu filho !
Rudyard Kipling - Tradução: Guilherme de Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário